Sangue Latino

Uma coisa que tem me marcado de forma muito profunda e tem a ver com a noção de pertencimento é reconhecer que eu fazia parte da américa latina. Na escola, não tinha noção de que eu era latino. Quando descobri o que significava o termo latinoamérica, até levei um susto. E claro, as canções me guiaram de forma muito bela por essas descobertas teóricas. Quando meus colegas contavam suas descendências, todos convictos dos seus sobrenomes europeus, se orgulhavam e enchiam a boca para pontuar sua ancestralidade europeia. Eu, na minha infância não entendia, pois descobri que meu sobrenome não indicava uma ancestralidade pontual, “dos Santos”, sobrenome dado a orfãos pela igreja católica, já que não pertenciam a nenhuma memória ancestral acabaram sendo dos santos. Essa coisa de tomar para si é coisa feia do ocidental mesmo, tsc tsc. Pertencer era algo que desesperadamente eu busquei na minha infância. Eu me sentia deslocado na minha família, a igreja não respondeu minhas questões e as pessoas a minha volta era estranhas. Estranhas pelo fetiche pelo euro-usa-centrismo. Aos povos ancestrais, era destinado um segundo plano, um plano exótico. Eu queria falar em especial da canção sangue latino. a sua letra, a suas estrofes me provocaram de forma singular. eu sei que na arte é difícil bater o martelo “a letra quer dizer isso ou aquilo..”, comoas vezes é dificil encontrar o autor falando, nós acabamos fazendo nossas interpretações. E a letra encaixa muito bem na história da América Latina. America, esse nome imposto. Como disse Clarisse Lispector, em um sopro de vida. Me deram um nome e alienaram de mim. A América, batizada assim, assim como outros assassinatos, estupros, censuras mortes dos corpos e dos saberes vem com a imposição da linguagem, da palavra. Os europeus achavam que tinham a obrigação de batizar a “nova” terra. colocar na linha da história. sujeitos de coração e mente pobres. Violentamente pobres apagando milênios de conhecimentos que seriam capaz de dar jeito na locomotiva desembestada da ocidentalidade, uma bomba prestes a bater com toda a humanidade dentro. Os povos ancestrais sustentaram, e moveram os moinhos que levantaram a força esse país. Foram os ventos do sul, que moveram. “quem se atreveria hoje em dia a discordar ou colocar em causa a defesa dos povos do Sul violentados (e violados) por séculos de dominação colonial/imperial? “ A afirmação da identidade latino-americana segundo Belchior, Milton Nascimento e Secos & Molhados https://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2020/07/30/identidade-latina-belchior-milton-nascimento-secos-molhados/ Para além da divisão Norte/Sul em epistemologia e política emancipatória https://journals.openedition.org/configuracoes/1962 Secos & Molhados: metáfora, ambivalência e performance file:///C:/Users/Leonardo/Desktop/29331-Texto%20do%20artigo-117035-1-10-20150305.pdf Latino americanidades - Calle 13 - Latinoamérica - Veias abertas da américa latina A américa que os europeus encontraram

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