Lugares incríveis: Uma possível relação entre O ser (existir) e o ser-para-morte (serMorte) e a percepção do Estar no mundo (Dasein) de Martin Heidegger
Perceber-se mortal, precisa ser sombrio? Processos de luto sempre são nublados e ausentes de vida? Quais cores você usaria para ilustrar e/ou representar/significar o morrer? Uma das protagonistas do filme “Por lugares incríveis” tem nome de uma cor viva: Violet. A personagem, adolescente, passa pelo luto após perder sua irmã em um acidente de carro. O processo difícil faz ela vivenciar o “Estar no mundo” de uma forma menos viva que seu nome sugere. Violet conhece Finch no parapeito da ponte onde sua irmã morreu, ele interrompe o que seria a tentativa de um suicídio. Os dois jovens são colegas de sala e acabam como uma dupla na atividade de Geografia. A tarefa é documentar lugares maravilhosos Do Estado de Indiana (EUA).
Não sei se é proposital dos roteiristas, mas tive a sensação de que Finch quer mostrar a beleza dos espaços, e aos poucos consegue trazer Violet para o “Estar” de fato. E é um estar no mundo não é não apenas no sentido espacial, geográfico, mas também histórico e existencial. Finch sofre silenciosamente e ninguém ao certo sabe dessa condição. Ele é visto como o “guia turístico” de Violet, do “ser e estar no mundo. Vamos juntos com Violet, e temos a percepção risonha dos espaços da cidade. Esse sofrimento velado acaba levando Finch.
Com a interrupção da vida de Finch, os cenários, os lugares que foram visitados, foram revestidos de outra significação. O “estar” no mundo toma outras cores, quando percebemos que de fato, “estamos”. Martin Heidegger nos empresta o termo Ser-para-Morte. Neste conceito, Heidegger trata do humano, como um ser que ao se perceber finito, traça um único horizonte: A finitude. Para Heidegger o humano é o único ser capaz de perceber-se no mundo, existindo, ele chama essa noção de ser no mundo ou “ser-aí” de Dasein.
Percebendo-se existindo, a humanidade depara-se com diversas questões existenciais - pode-se aprofundar melhor em cada uma delas lendo as filósofas e filósofos do movimento conhecido como existencialismo. Ao se perceber no mundo é um estar, implica em descobrir não mais “Estar”, ou seja, o morrer.
No filme podemos perceber que os “Lugares incríveis” são percebidos de formas diferentes, quando os personagens, estão sendo um “ser-para-morte” e percebem o o não “Estar” (morrer).
Diante da beleza dos espaços, percebemos a imensidão de cores do viver ao lembrarmos da nossa morte. Mas a lembrança (memento mori) não precisa ser sombrio e nublado, escuro e sem cor, mas com cores belas da vida, diversas dela, Ultravioleta.
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